Está provado: 72% das pessoas acreditam em estatísticas. E este índice sobe para 87,3% se a porcentagem for um número quebrado. Esta credibilidade, aliás, faz com que o nível de estatísticas puramente inventadas suba para alarmantes 14%.
Lembro de uma manchete de jornal que dizia, de canto a canto: “casados morrem mais”. Confesso que fiquei surpreso — não por ser casado e ainda estar vivo — mas porque não imaginava que uma pessoa pudesse morrer mais que outra. Talvez os casados morram duas vezes: uma no altar, outra em qualquer parte. Não importa. O que importa é que, por ser um dado estatístico, eu acreditei.
E continuo acreditando em tudo o que nem precisa ser verdade. Basta que um deus de má índole se dê ao trabalho de inventar os números. Por exemplo:
78% dos mecânicos fazem uma careta antes de dizer qual o problema.
68% das pessoas que falam durante o filme sentam-se ao lado dos 32% que detestam que se fale durante um filme.
90% dos carros à sua frente não notam que o farol abriu.
Apenas 0,3% dos carros atrás de você não buzinam avisando que o farol abriu.
67% das vezes que o elevador fecha a porta, você lembra que esqueceu alguma coisa em casa.
2% das vezes, ainda dá tempo de segurar a porta.
100% das vezes em que deu tempo, você na verdade não tinha esquecido nada.
98,6% dos advogados usam 3 palavras quando poderiam usar 1.
92% das pessoas que comem ostra não mastigam, engolem. Mesmo assim, capricham no tempero do limão. Logo, 92% das pessoas que comem ostra não gostam de ostra.
0,2% das pessoas que dizem “eu não disse?” disseram.
3% dos seus amigos que sabem destravar o PC estão em casa.
77% dos garçons que perguntam o ponto da carne o fazem apenas para trazer o ponto errado com 100% de certeza.
87% das frases “eu carrego sozinho” antecedem um acidente.
2% daqueles que mandam um e-mail dizendo apenas “ok!” merecem respeito (meu chefe está entre os 2%).
5,02% dos brasileiros que ensinam onde fica uma rua de fato sabem onde fica aquela rua.
Se você acredita em tudo isso, bem-vindo ao clube. Porque os números, meus amigos, não mentem jamais. Principalmente quando é para dar má notícia.
Por André Laurentino
Publicado no Guia em O Estado de S. Paulo
2 comentários:
Ontem eu estava lendo o jornalzinho do bairro, que é lotado de estatísticas. Fiquei só pensando em como esse texto tem fundamento....
Certa feita, um ilustre parlamentar proferiu a sábia observação que define estatísticas perfeitamente, (no caso os números estavam "contra" ele):
"Estatística é quem nem biquini, só não mostra o que interessa".
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