segunda-feira, outubro 09, 2006

Aula do Ze

É impressionante como o Tom Zé costura "A Felicidade" - do Tom Jobim e do Vinicius - com o violão. O João Gilberto deve até ter parado pra prestar atenção.

Como se o violão fosse engolir a felicidade a qualquer momento, criando uma aflição cortante em forma de beleza descomunal. O baixo estalado, encorpado, vem pra acompanhar a dança e guia a lady até o fim...

O Tom Zé é formado no Conservatório de Música da Universidade Federal da Bahia, dedicou boa parte da carreira à pesquisa e usou a música pra contar o que se passou nas andanças por aí. Amargou insegurança pela baixa aceitação dos trabalhos - ditos experimentais - e, entre colegas 'tropicalientes' como Gil, Caetano, Gal Costa e Bethânia, era patinho feio.

Viveu na relativa obscuridade até que em 86 - ou 89 - o David Byrne, aquele lá, pesquisando uma pagodêra aqui no Brasil, desempoeirou um tal de "Estudando o Samba", de 1975 - ou 6. Parece que o músico, fotógrafo e também designer, levou o disco pra casa achando que se tratava de uma obra didática. Ficou impressionado com o que ouviu e chamou o Zé pra inaugurar sua gravadora, a Luaka Bop.

As críticas, de gente grande lá de fora, deram conta do recado e daí pra frente a coisa desenrolou pro baiano.

Por causa do Byrne e de todas as outras coisas, o Tom Zé teve a oportunidade de parir outra obra-prima em 2005. "Estudando o Pagode", o penúltimo, ignora as regras de novo e assiste ao conservadorismo parando pra entender.

E eu acho que é isso aí. O Zé nos dá música eterna, que dura enquanto tiver gente pra prestar atenção. E eu, sinceramente, acho que todo mundo deveria prestar.

Valeu!

T.

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