domingo, outubro 15, 2006

Mass Romantic

No ano passado, depois de ler uma instigante resenha, baixei o último disco dos New Pornographers, o Twin Cinema. Um disco foda, ilimitada fonte de referências e estilos que alcança proporções notáveis de força e coesão. Pra mim, a síntese da definição do bom power-pop.

Os New Pornographers são uma banda liderada por uns caras de Vancouver, que se juntaram para criar um projeto paralelo às respectivas carreiras - bem sucedidas, mas nada de muita repercussão - O resultado já aparece nos 3 discos da mais fina classe, competência e dedicação: o Twin Cinema é o mais recente deles.

Deslumbrado com o beleza do Twin Cinema resolvi conferir os outros trabalhos dos branquelos. E desci, das profundezas cibernéticas, com minha incrível juke box digital, os outros dois discos: O Mass Romantic e o Electric Version. Com muitas expectativas a serem cumpridas.

Procurei, achei, baixei, conferi, carreguei no i-tunes, e… tocou o telefone, fechei o volume e, pumba! … Esqueci dos discos. Cairam na grande massa – densa mas organizada – de emepetreses da nossa estimada coleção.

Engraçado é que continuei ouvindo o Twin Cinema como se os outros álbuns nem existissem lá, à mão, prontos pra serem degustados e deliciados.

Até que um dia estava eu, em função qualquer e algo, veja bem, me chamou atenção no meio da randômica seleção de músicas do i-tunes: era a Neko Case – a ruivinha sexy da trupe - me convidando pra dançar com “Letter from a Occupant”, uma canção absurda, de refrão avassalador, que entra na tua cabeça como que se quisesse te tomar o juízo, te dizendo pra sair correndo, gritando e pulando, um convite à insensatez.

Desativei o shuffle e conforme Mass Romantic dava o ar da graça eu lembrava de todos os motivos pelos quais admiro tanto essa banda. "To Wild Homes", "Centre for Holy Wars", "Breakin’ the Law"… obras primas prontas pra me convencer que demorei muito pra ouvir esse disco, mas não demais.

O disco é barulhento, ruidoso, de equalização muitas vezes estranha e espontaneidade fora do comum. Parece que o cenário se forma grandioso pra que tudo aconteça de uma só vez, como se o disco fosse gravado num só take, sem interrupções ou remendos digitais. E tudo trabalha numa mesma direção, pra ornar toda aquela massa de trabalho vocal apurado, guitarreira valvulada, bateria crua e, principalmente, uma pianola que vai te arrancar as tripas e virar tua cabeça do avesso. Tudo isso embrulhado em melodias de beleza descomunal, entoadas como se aquilo estivesse satisfazendo plenamente os músicos. Como se fossem dominados pela própria música.

Mass Romantic enriquece a cada audição e faz a gente feliz pra cacete! Arruma esse disco, coloca pra tocar bem alto e arruine o dia do teu vizinho. Tudo mais não vale a pena.

Ah, detalhe, os três álbuns dos pornógrafos foram lançados pela Matador, que cuidou de Life Pursuit, do Belle & Sebastian, e Gimme Fiction, do Spoon, que pra mim são duas das maiores preciosidades em que já coloquei os ouvidos. E nada é por acaso.

Isso aí.

T.

2 comentários:

Anônimo disse...

é só aqui ou o link da resenha não tá funcionando??

Anônimo disse...

cadê o comment que eu fiz ontem?? Vocês estão me sabotando!!!
Beijo